quinta-feira

o que é mais difícil: fazer marmanjo chorar!

"Encantador... Se estivesse em casa teria chorado mais à vontade, mas como estou no trabalho, o máximo que deu pra fazer foi tirar o óculos e fingir um "esfregar de olhos" pra relaxar, enxugando a lacrimosa emoção de me ver no texto. Não é "escritor iniciante". Ele apenas começou a passar para o papel agora o que já escreveu vida a fora, na educação dos filhos, no acabamento do sapato, no apoio aos pobres como vicentino...
Tens um grande pai. Eu seu bem o que é isso, pois não consigo ler os textos que o meu escreve sem me emocionar, vez em quando. Diga ao teu pai que ele fez o que é mais difícil: fazer marmanjo chorar! Coisa que só as mães sabem fazer." José Carlos.

Pessoal da Toca dos Coelhos, segue um bonito texto do meu pai. Ele é escritor iniciante (1º livro) e colunista popular, além de sapateiro há 45 anos. Repassem a vontade a outros e-mail´s. Até mais! CWB. É esse o texto:

Mãe
"Eu via minha mãe rezando aos pés da virgem Maria. Era uma santa ouvindo o que a outra santa dizia. .."
Desde a entrada da casa, há um sentimento de saudade. Aquelas casas mais antigas com portão, as modernas de grade, aquelas que o trinco já enferrujado só a mãe sabe abrir com facilidade. As samambaias bonitas que só a mão da mãe soube cuidar ao longo do tempo.


Aos domingos, quem não se lembra, das suas mãos preparando farto almoço, arrumando a mesa, enquanto os filhos na sala sentados tomando umas e outras, ouvindo as vozes da mãe e de seus netos em torno da mesa.
Qual o filho que não se lembra de sua mãe. A casa encerada, o licoreiro na bandeja. Na estante, sempre limpando com um pedaço de flanela seu tesouro, vendo ali nos porta retratos a juventude dos filhos. Dentro de algum armário, a lembrança da infância nos livros dos filhos. E no quarto em cima de algum móvel o oratório de seu santo de fé com as velas para serem acesas na hora do pedido.


Na casa materna, o filho ao abrir a geladeira ou o armário há sempre coisas boas e fabulosas: frutas da época, bolo de chocolate, biscoitos, bolachas para os netos.

Os mais antigos devem se lembrar da mãe ao redor do fogão de lenha, que as vezes com lenha verde enchia a casa de fumaça, olhando as latas em cima do armário, lustrando o piso com escovão, o café sempre quente num bule esmaltado, um velho relógio na parede, a cristaleira, o vapor d'água na chaleira no fogão. Na hora de dormir as estórias, e, com a mãe sentada na cabeceira da cama, o beijo quando já estava para cair de sono.
Você já deixou num fim de semana de ir a alguma festa, inventou desculpa que estava um pouco doente só para não sair e ficar curtindo uma noite sem festa, bebida e namorada, apenas com sua mãe?


Nada se compara quando os filhos se reúnem na casa materna para um bom almoço, mesmo se as mãos materna estejam mais lentas com a idade e seu corpo com a marca da velhice parecendo querer mergulhar docemente na eternidade. Enfim, mãe é tão bom que até Deus quis uma para ele.

Nenhum comentário: